Poemas de Guerra

Cala a espingarda, irmão

Cala a espingarda, irmão
é um companheiro que se perde
em cada bala, como nós
tão puro e tão jovem
Cala a espingarda

Cala a espingarda, irmão
não cubras de sangue o rosto
e tua esperança de ódio
quando já o coração floresce
Cala a espingarda

Cala a espingarda, irmão
longe, tua noiva espera
que lhe leves apenas
uma flor nas mãos
Cala a espingarda

Cala a espingarda, irmão
Ferreira Guedes (?)

Topo de página


O sangue não dá flor

Poisa a espingarda, irmão
que a morte é desalento
Há tanto para ser feito
não podemos perder tempo.

Poisa a espingarda, irmão
que as guerras só dão cansaço
O futuro é obra dura
não podemos perder braços.

Poisa a espingarda, irmão
que o sangue não dá flor
Para amanhã ser melhor
não podemos perder amor.

Manuel Freire

Topo de página


NA FLOR DA MOCIDADE

Juntei-me um dia à flor da mocidade
partindo para Angola no Niassa
a defender eu já não sei se a raça
se as roças de café da cristandade

a minha geração tinha a idade
das grandes ilusões sempre fatais
que não chegam aos anos principais
por defeito da própria ingenuidade

a guerra era uma coisa mais a Norte
de onde ela voltaria havendo sorte
à mesma e ancestral tranquilidade

azar de uns quantos se pagaram porte
esses a que atirou a dura morte
diz-se que estão na terra da verdade

Fernando Assis Pacheco
Lisboa, 28 de Abril de 1994




Topo de página




Topo de página
                  Poemas ilustrados


           
Topo de página