11/09/13

Biula

Biula, uma pequena aldeia indígena, a onde nos esperavam os "velhinhos" (1) que íamos render. 
 
Ali estavam os «maçaricos» (2) com as fardinhas a cheiraram a “ bacalhau” – era assim que o cheiro a novo era rotulado –, para que eles pudessem rumar a outras terras menos inseguras, para o repouso antes do regresso ao «Puto».
A alegria estava-lhes estampada no rosto.
Finalmente.
Até que, enfim.
Desta é que é.
Eram as expressões mais ouvidas.
Mas...também nos esperava, uma torrente de recomendações, que se veio a verificar não passavam do "baptismo". Eram as praxes! Pernoitamos ao relento, nós e os camaradas da 3439, que ainda tinham de percorrer, mais uns quilómetros, estes sim de verdadeiro perigo pois iriam  por picada, (3) que aqui no leste são quase de areia, facilitando a colocação de minas anti-carro.
No Biula, muitas farras foram vividas, muitas saudades devem ter ficado... era lá que um corpo nu bonito de se ver, esperava o jovem soldado.
Quanto irá pagar? Quando regressado uma dúvida se lhe poderá colocar no Biula ou noutro lado, algum filho terá ficado? 
E como irá a mãe explicar ao irmão negro a diferença.
E sabe-se lá quantos corações sangrando.
Eram assim estes tempos de guerra. Chegar, conhecer, alguém e ter de partir...

( 1 - Os soldados em fim de comissão.
( 2 - Os soldados que estavam a iniciar a comissão.
( 3 - Caminho de terra batida.

  

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